quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Porque também há o rio!...

É isso mesmo. Por muito que o trabalho nos ocupe não podemos deixar que seja a única razão da nossa existência. É comum pensar-se que os "trabalhólicos" só o são porque não conseguem descortinar outras fontes de interesse. Nesse caso, atribui-se-lhes alguma tacanhez intelectual, falta de imaginação, inépcia, ausência de sensibilidade. Em alternativa, levam um rótulo de pessoas de fraca personalidade e temperamento tendencialmente tímido, que os pode levar a refugiarem-se no trabalho como desculpa para a ausência de convivência social, ou outras.
Não me reconheço em nenhum destes quadros. Não é novidade que gosto do meu trabalho mas, ao mesmo tempo, gosto tanto de outras coisas. De não fazer nada, por exemplo. Pode ser delicioso, nalgumas alturas da vida. De ler, de escrever, de passear, de estar com os amigos, de namorar...


Admito que tem sido um pouco preocupante esta minha entrega (quase) total ao trabalho mas, convenhamos, quem teve dois meses seguidos de férias tem que "dar o litro" para compensar. É o que tenho feito. Tenho dado litros e litros. Apercebi-me de que já posso fazer uma pausa; dar uma folga a mim própria; permitir-me fazer o que me dá prazer.

Vou recomeçar a visitar os blogues dos meus amigos e a comentá-los, pôr alguma leitura em dia, escrever com maior regularidade, passear sempre que possível, nem que seja nas margens do meu rio ou pelas colinas da minha serra, saír com os amigos, despreocupadamente, namorar, se me aparecer alguém com quem valha a pena... ;)

"De boas intenções está o inferno cheio" diz o povo. Estou, sinceramente, decidida a fazer cumprir a declaração de intenções que acabei de enumerar. Não quero envelhecer precocemente e, um dia, olhar para trás, à procura de quem fui, do que fiz, de alguma memória que me traga felicidade, e só encontrar imagens ligadas à minha profissão que, por natureza, apesar de algumas compensações, dão-me a ver essencialmente pessoas doentes, tristes, camas de hospital ocupadas por quem precisa de cuidados especiais ou, subitamente, vazias porque quem as ocupou já não faz parte do mundo dos vivos... é a vida, é a morte, sim. Mas não pode ser só isso...

Esta conversa está a ficar demasiado sorumbática. Quero rir, quero soltar o meu lado mais alegre e sadio e fruí-lo, como um bem a não perder. Nunca. Quero apanhar um braçado de flores e perfumar toda a casa.



Até breve, amigos, aqui ou nos vossos sítios.